Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem,
não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar.
Levaria a passear por parques e jardins,
Levaria a passear por parques e jardins,
mostraria flores e árvores,
falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; levaria a livraria para que ela visse,
nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo.
Aí, seduzida pela beleza dos jardins,
Aí, seduzida pela beleza dos jardins,
ela me pediria para ensinar-lhe
as lições das pás, enxadas e tesouras de podar.
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas
e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma
me pediria que lhe ensinasse o mistério
daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas
são apenas ferramentas para a produção da beleza musical.
A experiência da beleza tem de vir antes.
A experiência da beleza tem de vir antes.
Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura
não começaria com as letras e as sílabas.
Simplesmente leria as histórias mais fascinantes
Simplesmente leria as histórias mais fascinantes
que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia.
Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos
Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos
ela quereria que eu lhe ensinasse o segredo que
transforma letras e sílabas em histórias.
É assim.
É muito simples
RUBENS ALVES